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De endividada a especialista em finanças!



A jornalista Patrícia Lages sabe, por experiência pessoal, a angústia que é perder o controle da própria vida financeira, ficar sem saber o que fazer e sem perspectiva. Arriscou-se como empreendedora, mas despreparada para gerir o negócio, ficou endividada. Desesperada ela resolveu virar esse jogo e aprendeu que é possível, sim, dar a volta por cima. “Eu mesma, pensei que ia ser uma eterna devedora. Até que eu resolvi encarar o problema, me organizar e sair daquela situação”. Os aprendizados foram tantos e tão importantes que Patrícia se tornou uma especialista em finanças, e compartilha tudo o que aprendeu para ajudar outras pessoas.

Confira o bate-papo com essa expert que sentiu na própria pele o desespero de viver endividada!


Como você se tornou empreendedora?

Ter meu próprio negócio foi um dos meus primeiros sonhos, desde o ensino médio, quando estudava administração. Eu me saia muito bem em todas as matérias e achava que já era suficiente para colocar a mão na massa e trabalhar no que é meu. Depois que entrei no mercado de trabalho, vi o quanto a experiência era importante e que eu não tinha nenhuma e, por isso, fui construir minha carreira. Depois de quase 12 anos atuando em comunicação, achei que já tinha experiência suficiente para “não receber mais ordens de ninguém” e “parar de ganhar dinheiro para os outros” (pensamentos que movem muitas empreendedoras, mas não são as melhores razões para empreender!). Quando avistei uma oportunidade de ter meu negócio mergulhei de cabeça e larguei tudo para investir no sonho, mas ele virou pesadelo em questão de 9 meses.


Qual foi o negócio?

Assumi uma loja atacadista de lingerie em um shopping no bairro do Brás, zona comercial de São Paulo. As sócias se desentenderam e simplesmente me entregaram uma loja montada, com toda estrutura e uma carteira de clientes muito interessante. Parecia a fórmula do sucesso total, mas não foi... A verdade é que mesmo que tenhamos tudo para dar certo, se não tivermos espírito empreendedor, conhecimento do mercado e um plano de negócio, a situação pode passar de sonho para pesadelo num piscar de olhos!


Você se sentia preparada para ser empreendedora?

Eu achava que estava preparada, pois subestimava o que é ter um negócio. Eu não sabia que tudo dependia de mim, pensava que minhas funcionárias eram pagas para resolver todos os problemas e que a mim cabia apenas "fazer o que os donos fazem”. Só que eu não tinha a menor ideia do que um empreendedor, dono de seu primeiro negócio, deveria fazer. Resumindo: eu só achava que estava preparada porque não sabia o que era realmente ter um negócio.


Como você percebeu que a loja não ia bem?

Como comentei, a proposta para ficar com a loja foi irrecusável, e no primeiro mês já entrou muito dinheiro. Fiquei empolgada, pensei que estava rica e saí gastando. Levou um tempo para eu perceber que aquele dinheiro todo não era meu. Foi aí que eu caí na real e percebi que eu não sabia administrar um negócio. Os sinais daquela falta de controle financeiro foram aparecendo. Eu já devia para fábricas, brancos, cartões de crédito, aluguel, comissão das funcionárias, salários, e cheguei a ter meu nome protestado em todos os cartórios de SP. O tempo todo os credores ligavam cobrando, e eu não tinha como pagar. Mas o pior momento foi saber que eu podia perder a casa da minha mãe, porque ela era a minha fiadora.


O que você sentiu nesta fase?

É difícil estar por cima, morar em uma casa razoável, ter um carro esportivo zero quilômetro, bom salário etc. e, em questão de meses não conseguir pagar a conta de água e ter que juntar moedas para uma passagem de ônibus. Quando alguém que nunca deveu nada se vê endividada, a primeira coisa que aparece é o desespero, seguido de uma vergonha enorme. Como pude entrar nessa? Como pude ser tão ingênua? Como não me dei conta de que essa conta jamais iria fechar? Isso me causava muita tristeza, vergonha, sensação de impotência, fracasso e uma vontade enorme de simplesmente sumir. Mas o que me deu força para deixar esses sentimentos de lado foi a revolta. Quando me revoltei contra a situação (não mais contra mim e nem contra as pessoas), coloquei todas as minhas forças em resolver e não mais em buscar culpados ou justificativas. A revolta foi minha grande aliada.


Qual o ponto frágil que fez o negócio não ir tão bem?

Em primeiro lugar o meu despreparo. Durante o período em que liderei equipes em uma empresa, como funcionária, eu me concentrava em fazer o meu trabalho, sem me preocupar com planejamento estratégico, vendas, faturamento, estoque, etc, pois havia pessoas para isso. Achei que ao empreender poderia agir da mesma forma. Ou seja, na gestão do meu negócio, continuei “esperando alguém fazer” o que não havia ninguém para fazer. Além disso, eu não tinha capital inicial suficiente para começar e dependia demais de vender para poder pagar os fornecedores. Era aquela história: comprava a prazo – sem dinheiro – dependendo de vender com lucro suficiente para pagar o fornecedor e todas as demais despesas. Tudo isso sem um planejamento financeiro, sem um plano de negócio e sem estratégia de venda. Todos esses erros fizeram o negócio afundar rapidamente.


Como de ex-endividada você deu uma virada na vida?

A virada só aconteceu quando parei de questionar o que fiz no passado e comecei a traçar estratégias para o futuro. Percebi que, diante de uma dívida impagável, não iria adiantar ser apenas forte, mas eu teria que ser mais forte. Fiz um levantamento detalhado de cada dívida, anotei os valores, as taxas de juros, os impostos pendentes, tudo. Enfrentei cada um dos credores de frente, sendo bem realista quanto à dívida e deixando claro que, apesar de não saber como, eu iria pagar um por um. Comecei a buscar formas de levantar dinheiro onde parecia não haver nada: peguei meu estoque e comecei a vender no varejo, indo a empresas, oferecendo a quem me aparecesse pela frente. Virei uma espécie de sacoleira sem me incomodar com a opinião dos outros, pois eu estava focada em pagar o que devia e nada iria me tirar o foco. Cada dinheiro que recebia tratava de pagar uma conta, ainda que fossem 50 ou 100 reais. Negociei os móveis da loja, os manequins, os cabides, tudo virou dinheiro e tudo foi sendo investido em pagar quem aceitava minhas propostas de negociação. Quem não aceitava ia para o final da fila! Onze meses e vinte dias depois dessa maratona estafante minhas dívidas (de mais de 150 mil dólares) estavam quitadas.

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