Dificuldade de acesso ao crédito trava recuperação de empresas de Mato Grosso
As micro e pequenas empresas não costumam ter reservas significativas e não conseguem aguentar mais de 60 dias sem faturamento. Esta crise está se alongando, as empresas já rasparam o caixa e precisam de novos recursos para seguir operando.
O avanço da crise da pandemia no Brasil levou bancos públicos e privados a disponibilizarem, nos últimos dois meses, uma série de novas linhas de crédito para as empresas impactadas pela queda da atividade econômica. Desde março, acumularam-se anúncios de bilhões de reais voltados a capital de giro, pagamentos de salários e outras despesas operacionais. No entanto, na prática, empresas relatam dificuldades para acessar os recursos e, em muitos casos, veem a sobrevivência em xeque pela demora do dinheiro chegar até a ponta final.
As dificuldades para honrar compromissos começam a se refletir nas estatísticas. Em abril, a Junta Comercial registrou a extinção de 4.529 Cadastros Nacionais da Pessoa Jurídica (CNPJ) no Estado, alta de 12,8% frente a março. Ainda assim, o número de novos cadastros foi 11,6% superior, chegando a 11.227 - 85% do total são microempreendedores individuais.
Mais de 80% de pequenas empresas deverão fechar as portas por causa da falta de recursos. A avaliação é de que, mesmo com a reabertura gradativa das lojas e novo dinheiro entrando em caixa, a situação se tornou insustentável.
O grande problema hoje é fluxo de caixa, e o dinheiro dos bancos não está chegando. O banco só empresta para quem oferece garantias, e muitos lojistas não têm. Além disso, os gerentes tentam oferecer linhas de crédito comuns, com juros mais altos do que as anunciadas na pandemia.
O Pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV), Claudio Considera lembra que nem mesmo a trajetória de queda do juro básico no Brasil, com a Selic atingindo a mínima histórica de 3% ao ano, tem facilitado a chegada do crédito na ponta final.
O fato de muitas empresas não estarem produzindo e não terem certeza de vendas está pesando para a liberação de recursos. Os bancos acabam cobrando mais pelos empréstimos por entenderem que o risco (de inadimplência) aumentou - destaca Considera.